Demônios do Natal

Diversos seres mitológicos e folclóricos estão relacionados às festividades de Natal direta ou indiretamente, fazendo parte da celebração de rituais anteriores ao cristianismo como o Yule e a Saturnália, ou então sendo atribuídos a esta festividade posteriormente por associação simbólica. Eles geralmente têm caráter amoral, sem seguir a moralidade humana, sendo bons ou maus dependendo da situação, e distribuindo bênçãos e punições.

Estes seres também poderiam ajudar a resguardar o ideal de moralidade de cada cultura onde estão inseridos. Porém, as próprias definições do que é ser uma boa pessoa ou má pessoa, sendo agraciada ou punida por eles, mudam bastante ao longo do tempo e do espaço.

Com o advento do cristianismo, mesmo os seres que eram benéficos foram distorcidos e passaram a ser vistos apenas como maléficos, sendo descritos como demônios. Alguns deles até mesmo ganharam histórias sobre sua origem para justificar seus atos macabros.

Vamos falar aqui sobre os principais “demônios” do Natal, que até hoje figuram nas festividades de alguns países.

Krampus

Seu nome deriva de Krampen = “garras”, e está à solta no dia 5 de dezembro que é a véspera do dia de São Nicolau, 6/12. Ele captura e/ou pune as crianças más, e tem um cesto para carregar crianças, além de uma corrente e ramos de trigo para perseguir e punir quem tenha sido uma má pessoa. É conhecido na Áustria e Europa germânica, mas tomou tal fama que hoje é possível encontrá-lo nas festividades da América e de outros continentes.

Belsnickel

Bels significa “pelos” e Nickel seria o próprio São Nicolau. Sendo assim, BelsNickel= “o Nicolau Peludo”. Ele também é chamado de Pelznickel, e no Brasil, em Santa Catarina, pode ser visto em raras aparições como o monstro Pensinique. Bem similar ao Krampus, carrega um saco nas costas e sua roupa e cabelo são feitos de palha. O Belsnickel pune as crianças arteiras em dezembro, sendo chamado pelas mães para os filhos obedecerem ao longo do ano.

Arlequim e Draugr

Nos mitos nórdicos, Odin lidera a caçada selvagem, que é uma horda de guerreiros em jornada pelos céus derrotando monstros e coletando almas. Nesta forma, Odin se tornou o demônio Hellequin que posteriormente no teatro se torna o Arlequim. É também considerado como o Rei demônio Herla, ou HerlaKing. No caminho da caçada selvagem, eles encontram espíritos, um deles sendo o Draugr = “Fantasma”, “Espírito”. O Draugr ficou famoso no jogo Skyrim, e a Caçada Selvagem no jogo The Witcher (com o Arlequim sendo um dos últimos chefes, Eredim).

Termagant

Segundo obras cristãs, era um demônio adorado pelo Islão, e estaria associado a Baphomet, sendo seu parceiro. Teria feições de cachorro e/ou animal selvagem, podendo seu nome significar “O Terrível” ou “Três vezes vagante” (e por isso associado por linguistas a Hermes “Trimegisto”. É citado na lenda onde São Nicolau salva crianças de piratas e/ou muçulmanos que estavam as aprisionando. Foi ridicularizado posteriormente no teatro, e também se tornou sinônimo de “megera”.

Bode, Gato e Trolls de Yule

Julbock ou Julnock é o bode de Jól (Yule). Jólakötturinn é o gato de Jól, e Jólasveinar são os 13 Trolls de Jól. Todos tinham poderes especiais e eram possivelmente os animais familiares de deuses, ou seres mitológicos, escandinavos. Foram demonizados com a chegada do cristianismo e se tornaram figuras folclóricas de punição durante o Natal. Antes da demonização os trolls, em si, eram até mesmo benevolentes, aparecendo na forma de anões que regiam 13 aspectos específicos e poderiam trazer presentes mágicos (nos moldes dos anões artífices da mitologia nórdica).

Gryla, Befana e Frau Perchta

Gryla é a mãe dos Trolls de Yule, teria 3 maridos e 72 filhos demoníacos (alô, Goécia!!!). Já Perchta possivelmente deriva da deusa Bertha, e é similar à “bruxa boa” Befana da Itália. Todas estas distribuem bênçãos e/ou punições nos 12 dias de festividades, do Natal até o Dia de Reis. Entram pelo telhado, pois em certos locais as casas não tinham portas, e a entrada era feita por uma escada; isto foi substituído pela “entrada pela chaminé”.

Père Fouettard

Na França, é o “Papai Chicoteador”. Era um açougueiro mau e ganancioso que atraía crianças para seu açougue e as comia. São Nicolau salvou algumas dessas crianças, e após o resgate Fouettard se tornou seu servo, passando a punir em nome dele as crianças malvadas, no Dia de São Nicolau.

Hans Trapp

Pune as crianças más na Ausácia e Lorena. Era um satanista mau e ganancioso, e após sua excomunhão da Igreja, se isolou na floresta passando a devorar os incautos. Foi morto por um raio quando ia matar uma criança, como punição divina, e após este evento se tornou um espantalho que devora crianças. Ele aparece antes do Natal, entrando pela janela, para que as crianças sejam obedientes a seus pais e sejam poupadas da morte.

Saturno

Este deus tem associações com a colheita e agricultura, sendo também associado à passagem do tempo e à morte por velhice (ou as fases da vida humana em si). Seu festival era realizado no final do ano, e alguns elementos da Saturnalia romana foram adaptados e passaram a fazer parte do Natal. 

Na Saturnalia ocorria a troca de papéis entre senhores e escravos, além de as pessoas darem e receberem presentes. O autor Wierus demoniza Saturno e o deus associado Cronos (assim como demoniza todos os deuses gregos e romanos), associando-o também a Osíris, que seria o “Saturno Egípcio”. No cristianismo, então, apenas cita-se o lado “maléfico” de Saturno, que seria o de devorar seus filhos.

3 Reis Magos

Na narrativa cristã são grandes sábios, porém nas entrelinhas são lidos como Magii, que é um termo bem específico para os praticantes de magia e feitiçaria, além de astrologia, vindos da região imprecisa chamada “Caldeia”. Teriam sido portanto grandes feiticeiros caldeus, e no grimório “Livros de Moisés” é dito que aprenderam magia e Cabala em Cutha, sob as bênçãos do demônio Nergal. Cutha também seria a cidade capital do submundo sumério, então fica no ar, neste grimório, se eles teriam descido pessoalmente ao “inferno” e adquirido sabedoria nos domínios de Ereshkigal. Eles conferem honra e dignidade (algo bem comum no Ars Goetia) ao menino Jesus usando magia simpática: ouro, mirra e olíbano.

Em nosso site, descrevemos um ritual de equilíbrio aproveitando o simbolismo dos 3 reis magos em associação com 3 daemons do Ars Goetia! Indicamos que seja feito entre o Natal e o Dia de Reis, uma ou mais vezes, para obter as bênçãos dos grandes reis magos. https://daemons.com.br/ritual/ritual-equilibrio/

Então é isso, esses foram apenas alguns dos demônios do Natal, dentre tantos outros que existem ao redor do mundo! Fiquem atentos do dia 24/12 até 06/01, e quando ouvirem um barulho na janela ou na chaminé perguntem: “quem está aí é o Krampus, o Hans Trapp, a Frau Perchta ou o próprio Papai Noel?”. Dependendo da resposta, pode ser melhor fingir que não tem ninguém em casa!!!

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