Volta e meia esse assunto volta à tona: quem é Baphomet? Seria ele o diabo? A maçonaria cultua Baphomet? O que significa essa imagem? Por isso, resolvemos criar um guia ilustrado sobre as origens históricas e o significado desse ícone, explicando sua iconografia e simbolismos.

3500 – 1500 AC: Precursores no Egito
No Egito Antigo, encontramos o primeiro precursor iconográfico de Baphomet: Khnum. Este deus moldou a humanidade a partir do barro (alô, Javé?) e seria responsável pelos nossos corpos e almas. Como a Religião Egípcia sobreviveu por milênios, Khnum mudou muito, e adquiriu variações em cada cidade.
1350 AC: O Bode de Mendes
Na cidade de Djedet, conhecida posteriormente pelo nome grego de Mendes, existiam duas divindades principais: o bode Baneb-Djedet, e a deusa-peixe Hatmehit. O deus tutelar era visto como o Ba (parte da alma) de Osíris, e era associado a Khnum. Ele era associado ao julgamento dos assuntos divinos, e à virilidade.

450 AC: O Bode de Heródoto
Nas “Histórias” de Heródoto, Baneb-Djedet é interpretado livremente pelo historiador como sendo uma forma egípcia do deus grego Zeus. Ele fala que Zeus teria aparecido para Hércules vestindo a pele de uma ovelha, e por isso no Egito estátuas de Zeus tinham cabeça de carneiro (e não de bode). Aqui ele também associa o Bode de Mendes a rituais com sacrifício de carneiros.
1250 DC: Poesia Occitana
Na poesia da Occitânia, que é uma região histórica do Sudeste da França que engloba também partes da Itália e Espanha, Baphomet é citado por volta dos anos 1200 como uma corruptela de Maomé (Mohammed), o profeta árabe. O poeta Austorc d’Aorlhac refere-se a “Bafomet” como um demônio que anda junto com Termagant e outros servos infernais: “e qu’azorem Bafomet, lai on es, Tervagan e sa companhia” (e adoremos a Bafomet lá onde ele está, e Tervagan e seus companheiros). Outras obras literárias até os anos 1500 bebem desta fonte e adaptam livremente a frase para dizer que os árabes adoram a demônios, o principal deles sendo Maomé, transcrito como Bafomet.
1823 e 1848 DC: Champollion e Levi
Em 1823, o francês Champollion publica seu compêndio de deuses egípcios contendo Baneb-Djedet, e a França encontra-se em um momento de egiptomania. Em 1848, o também francês Eliphas Levi escreve sobre Baphomet em seu Dogma e Ritual, falando que seria adorado pelos Gnósticos, pelos Templários, por Jacques de Molay, e no Sabá.

1848 DC: Associações de Levi
Sem nenhuma referência bibliográfica, Levi começa a associar Baphomet a diversos cultos, e também ao diabo do Tarot. Ele o chama de “o bode do Sabbat” e “o Baphomet de Mendes”, mas ao mesmo tempo diz que seu nome deve ser lido ao contrário, resultando em “Tem ohp ab”, que seria a abreviação de Templi omniu pacis abbas, o pai do templo, paz universal dos homens.

1863 DC: Dicionário Infernal
Em 1863, Collin de Plancy lança a versão mais polêmica do Dicionário Infernal, agora com um selo de aprovação pela Igreja (ora ora ora), e tratando deuses de vários povos como demônios. Nessa edição, ele representa Satã como sendo o bode adorado pelas bruxas no Sabá, com a iconografia exata de Baphomet.

1896 DC: Análise de Waite
Arthur Edward Waite, expoente da Golden Dawn, publica em 1896 um livro onde fala sobre a difamação contra a maçonaria. Ele cita o jornal antimaçônico criado pelo francês Leo Taxil como um dos responsáveis pela associação da maçonaria com Baphomet e o Diabo. No final, o próprio Taxil reconheceu em 1897 que tinha criado várias fake-News em seu jornal, propositalmente.

2000 até hoje: interpretações contemporâneas
Como tudo no ocultismo se reinventa e se adapta, hoje temos reinterpretações sobre a figura de Baphomet, que se baseiam nesses pequenos detalhes acumulados ao longo do tempo, e também na interpretação livre da iconografia apresentada por Levi com base nos possíveis significados esotéricos de cada elemento visual.
